A Travessia, um filme de Robert Zemeckis
E como ele se relaciona com projetos de software
Janeiro 03, 2016Se você ainda não viu o filme não leia esse artigo pois ele tem revelações do roteiro
Tive a oportunidade de assistir essa semana o ótimo filme A Travessia, título orignal The Walk do diretor Robert Zemeckis. Se você não o conhece por nome com certeza deve se lembrar do filme De Volta Para o Futuro de 1985 (que aliás é um dos filmes que mais assisti quando criança, a ponto de decorar as falas dos personagens ;-)). Só reforçando: ESSE POST CONTÉM SPOILERS (revelações do roteiro do filme) então caso ainda não tenha assistido leia por sua conta e risco, ok?
A Travessia conta a história do equilibrista Philippe Petit que ficou famoso por atravessar as torres gêmeas em um cabo de aço no dia 7 de agosto de 1974. As torres ainda não estavam acabadas por completo quando ele fez a travessia. É possível ter algumas lições relacionadas a gerenciamento e gestão a partir da película, vamos conversar um pouco a respeito.
O escopo e o planejamento
Podemos observar que o que ele fez foi um projeto, envolvendo recursos com planejamento e gerando um resultado único dentro de um tempo e orçamento limitado. Primeiro pode-se observar o surgimento da necessidade que foi quando ele viu pela primeira vez as torres gêmeas. Depois tivemos um esboço que seria o escopo inicial do projeto que por sua vez depois foi amadurecido e fechado.
Durante o filme é possível observar que foi necessário muito planejamento para que ele conseguisse realizar o feito pois ele estava fazendo algo ilegal em um local muito movimentado e com vigilância o tempo todo.
Para isso ele observou por várias semanas o local onde seria feito a ação. Entre outras coisas ele planejou como iria subir com o equipamento, de que forma as pessoas iriam transitar sem serem percebidas como estranhas e como seria passado o cabo de aço de uma torre para a outra.
Além disso ele teve que descartar ideias iniciais e optar por alternativas menos arriscadas. Um exemplo disso foi quando ele optou por não usar um avião de controle remoto para levar a linha que puxaria o cabo de um prédio para o outro e optou por usar arco e flechas. O avião faria muito barulho chamando a atenção e também necessitaria de um treinamento específico em pilotar o equipamento que nenhum deles tinha.
Os stakeholders e o gerenciamento de pessoas
Petit não poderia nunca ter realizado sozinho o projeto. Ele precisou envolver várias pessoas durante as fases de planejamento e execução. Ou seja, esse gerenciamento de pessoas teve que ser feito onde pode-se perceber por exemplo a etapa de recrutamento e seleção de pessoas para participarem (ele fazia isso convidando as pessoas para jantar e envolvendo-as com a sua ideia).
Nem todas as pessoas ficaram na equipe até o final, sendo que um deles desistiu no final e optou por tirar fotos para tentar vendê-las depois.
O "gerente do projeto" precisou também gerir conflitos na equipe, principalmente contra ele próprio a medida que o dia da execução chegava e a tensão aumentava.
Gestão de aquisições e mapeamento de riscos
Além disso ele também precisou gerenciar recursos financeiros a partir do dinheiro que ele tinha disponível e selecionar os melhores materiais a serem utilizados o que garantiria a segurança em sua travessia. Dessa maneira pode-se observar o gerenciamento de riscos do projeto pois ele precisou avaliar o que ele usaria para minimizar os problemas e fatores que atrapalhariam o projeto.
Além disso ele se acidentou durante suas "inspeções" às torres machucando o pé gravemente semanas antes do dia D, mas isso não teve impacto negativo e sim o ajudou a melhorar seu disfarce voltando ao prédio com muletas.
Ajustes no cronograma
Ele também precisou lidar com adversidades pois a entrega dos materiais não saiu exatamente como ele havia planejado pois estava acontecendo um carregamento grande e os elevadores de carga de materiais estavam ocupados. Um dos integrantes de sua equipe fez amizade com o responsável e este depois de um tempo permitiu-os subirem com o material.
Além disso um outro fator que gerou atraso na execução e consequente fuga do cronograma e necessidade de ajustes foi o fato de um guarda aparecer em um local não habitual.
A comunicação
A gestão da comunicação também foi uma preocupação do gerente pois ele escolheu a ferramenta certa de comunicação para a situação. E ele precisou estabelecer esse canal de comunicação durante a fase de projeto quando todos se reuniam sempre e também durante a execução quando usaram um walkie-talkie com fios.
Se você estuda gerenciamento de projetos em seu curso, aguce seu senso crítico e veja como muita coisa acontece orientada a projetos. E sejam projetos pequenos ou grandes é necessário planejamento, envolvimento de pessoas, gestão de recursos, de comunicações, de aquisições, mapeamento de riscos e capacidade para lidar com imprevistos e situações inesperadas.
Veja bem, nós especificamos, estimamos, aprovamos, envolvemos a equipe que achamos ser a mais correta, obtemos a aprovação do escopo e iniciamos a execução de projetos e mesmo assim atrasos podem ocorrer e falhas no escopo também podem existir. Então imagina se não existisse um correto gerenciamento e comprometimento do time?
E você que assitiu o filme, notou outros pontos relacionados ao gerenciamento de projetos que tem relação com seu trabalho? Deixe aí nos comentários.
Cover image credit: http://unsplash.com/@carlheyerdahl