A eterna companhia
Setembro 12, 2016** Esse é um post convidado enviado pelo escritor José Moreira Filho, meu pai.
A eterna companhia
A Sociologia diz que o homem é um animal político por excelência, ensinando com isso que a nossa natureza exige sempre companhia. Temos necessidades de nossos semelhantes para sobrevivermos, até como referência para nossa postura social. Porém, é preciso também sabermos que a primeira pessoa com a qual nós precisamos aprender a conviver é conosco mesmos. Essa é uma companhia eterna. Desde o dia em que vemos a luz pela primeira vez até quando ela se apaga para sempre, é com essa pessoa que convivemos diariamente. Enquanto que todas as outras que cruzam nosso caminho durante a vida são passageiras. Apenas passam por nós. Até mesmo aquela que nos gerou, vai-se um dia, deixando impresso em nossa alma sua indelével marca quase sempre positiva. Assim, é necessário que armazenemos nos armários da saudade, da esperança e da alegria, ou quem sabe, do esquecimento, o que cada companhia que tivemos durante a vida, deixou em nós.
Isto posto, fica claro que a única pessoa responsável pela sua vida é você mesmo. É você quem deve escolher o motivo pelo qual foi criado – ser feliz. Então escolha a felicidade como projeto existencial. Não deixe sua felicidade a cargo de companhias temporárias. Você é quem deve estar no leme desse barco chamado vida. Lembre-se, ninguém conhece você melhor do que você mesmo. Portanto, ouça conselhos, mas forme sua opinião acerca de tudo, mudando sempre que achar necessário, tendo sempre posições definidas, mas não definitivas. É aquela história, deixe sempre uma porta aberta, pois você pode precisar voltar. A propósito, diz com propriedade, alguém que conheço: “Pra qualquer situação, nunca, é tempo demais”. No palco da vida seja o autor de seu script, sabendo que as linhas do que chamam destino, são traçadas por você mesmo. Acredite em suas forças e aja. Crie um plano de ação e seja disciplinado ao cumpri-lo. Seja sério, mas sem rigidez, encarando com fé as emoções desagradáveis, muitas vezes causadoras de depressão, pois são elas o caminho das pedras para se encontrar a causa dos males que o afligem.
Por outro lado, além do mundo interno, você tem o exterior que é preciso ser levado em conta. Nesse ponto é preciso lembrar que você não tem controle sobre os acontecimentos, mas pode controlar sua reação diante deles. Para isso você precisa ter em mente três fatores distintos: consciência, ação e disciplina. Muitas vezes a pessoa tem consciência de seu comportamento e até realiza alguma ação, mas indisciplinadamente. Esquece-se, por exemplo, do foco. É preciso focar seu objetivo, ter claro o que se quer com determinada ação. Por sua vez a ação deve ser embasada em um motivo. Eu preciso ter um estímulo para me levantar mais cedo e fazer uma caminhada. É um motivo que me faz deixar de comer determinado alimento. É por que estou focado num bem maior que deixo de adquirir um supérfluo qualquer. Isso é disciplina.
Por último, faz bem lembrar, que em muitas situações da vida nos sentimos culpados e temos até consciência disso, e proporcional ao nosso grau de formação é a culpa que carregamos por nosso errôneo comportamento. Diante de tal quadro é importante que não deixemos que o passado, que é absolutamente imutável, seja como uma bigorna em nossa cabeça impedindo que a levantemos e olhemos para o horizonte. Ao contrário, é preciso que escudados por um sincero arrependimento, possamos deixar no passado os fatos que lá aconteceram, e não acumularmos no presente entulhos que nos impeçam de caminhar alegres em busca de um futuro melhor. Recomeçar a cada momento é o destino do homem, usando as pedras de seu caminho como degraus para o crescimento. Não se curvar ao sofrimento, lembrando sempre que nenhuma glória é eterna, mas também que nenhuma desgraça é perene.
José Moreira Filho (moreira@baciotti.com)
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